DiegoC.

Minha retrospectiva profissional de 2020

Nesse momento, estou nas minhas férias de fim de ano. Flagrei-me pensando o quão insano 2020 foi para mim, cheio de altos e baixos na vida profissional, a ponto de resolver escrever algo para que o meu eu do futuro possa rever e lembrar com bastante carinho desse ano que, sem dúvidas, minha primeira reação seria querer esquecer.

O começo dele não foi nada fácil. Além da COVID-19 ceifar a liberdade de todos nós e nos forçar a trabalhar exclusivamente de modo remoto, tivemos no meu ambiente de trabalho a saída do CTO, um grande amigo e gestor que me ajudou no início da minha carreira como manager. A partir desse momento, eu “estaria sozinho”, até termos uma nova pessoa para assumir esse posto.

Diante desta saída, meu grande desafio foi manter a felicidade do time alta, passando segurança e mostrando que tudo continuava bem, mesmo que internamente eu estivesse bastante triste e inseguro.

Acho que consegui realizar esse feito, visto que o time se manteve unido sem perder sua essência e, obviamente, produtividade. Entregamos o que eu considero como um divisor de águas na engenharia da empresa: um novo aplicativo em tempo recorde, sem débitos técnicos, com qualidade e, o mais importante, abraçado por nossos usuários.

Teve até campanha de lançamento com campeã do BBB!

A chegada de um novo gestor não é nada fácil. Considero esse grande momento como o segundo do meu ano. Confesso que tive bastante medo de como seria essa relação. Eu vinha de um histórico de ótima amizade com meu último gestor. Logo, vieram perguntas como: “Será que vamos ter alguma química para manter conversas construtivas?” “Será que nossos valores serão os mesmos?“. Estas e outras passavam em minha cabeça, e eu tentava buscar respostas antes mesmo de sua chegada, bisbilhotando seu Linkedin.

A chegada dela no ambiente de trabalho e na minha carreira foi algo sem precedentes. Ela conseguiu realizar uma mudança que não esperava acontecer em tão pouco tempo, e acredito que a empresa e todo time de engenharia puderam viver três a quatro anos de transformações em apenas seis meses. Aos poucos, todas aquelas minhas perguntas e dúvidas sobre “a nova gestora” foram sendo automaticamente respondidas, e posso dizer que tirei a sorte grande. Eu estava no time de uma pessoa com um coração imenso, coragem e sangue nos olhos para fazer as coisas acontecerem, além de bastante alinhada com meus valores. Desde o dia um, ela me passava bastante segurança e autonomia. Sou eternamente grato aos seus conselhos e ao impacto que teve em minha vida em tão pouco tempo.

Diversidade é algo bastante importante para mim como profissional pertencente a muitas minorias, e eu não poderia passar um ano sem levantar essa bandeira no ambiente de tecnologia. Com o apoio e incentivo da minha gestora, tive a oportunidade de montar o time mais diverso da empresa. Foram dois meses de bastante recrutamento ativo, nem sei quantas horas do meu dia eu passei buscando pessoas incríveis. Sim, elas existem! Quando queremos verdadeiramente montar times diversos, o que precisamos ser é intencional. O resultado disso foi um time representado por pretos, LGBTs e mulheres sem precisar baixar a régua técnica.

E não, no time eles não são a minoria.

Enquanto tudo isso acontecia, dentro de mim surgia uma inquietação e vontade de mudança de ares. Primeiramente, tentei suprir meus sentimentos ao assumir projetos paralelos, os famosos freelas. Essa pulga atrás da orelha me deu a oportunidade de participar de um projeto de um novo aplicativo para o mercado financeiro, com um deadline muito apertado. Conheci novas pessoas, novas dinâmicas e um novo mercado. Tendo um time bem reduzido, construímos um produto redondo, com tecnologias novas e de alta qualidade. Obviamente o lançamento foi um sucesso, com bastante adesão dos usuários desde o primeiro dia. A experiência serviu para provar para mim mesmo que o desenvolvedor ainda existia aqui dentro.

E essa fagulha da inquietação continuou crescendo dentro de mim durante todo o último semestre do ano, desaguando em meu pedido de desligamento da Sanar. Empresa a qual, acima de tudo, sou e serei grato por ter caminhado nessa longa estrada.

Eu entrei na Sanar no início de 2018. Era uma empresa quatro vezes menor do que é hoje. O time de engenharia dava para contar nos dedos! Tive a oportunidade de construir a tecnologia que usamos hoje, levantar coisas novas, lançar meu primeiro aplicativo, entender a visão do negócio, compreender o impacto de minhas escolhas na vida dos usuários, trabalhar com muita gente boa, cuidar e desenvolver pessoas. O profissional que sou hoje foi formado nessa escola, onde internamente costuma-se dizer: “Cabeça na lua e pé no chão”. Eternamente, obrigado.

Voltando ao momento do meu desligamento, foi uma decisão bastante difícil, já que tenho um carinho enorme pela empresa. Sabe aquela conversa de “sentimento de dono”? Quando você está tão enraizado na história da empresa, e os fluxos parecem acontecer de forma natural, sem precisar que um dos sócios fique martelando em sua cabeça? Mesmo assim, eu sentia que a minha mudança era algo que precisava acontecer. Respirar novos ares, encarar novos desafios… uma crise da meia idade antes mesmo dela bater na porta. Nesse momento, tive todo apoio e carinho das pessoas que viviam comigo, de minha gestora, meu time, minha duas HRBP favoritas e outras que impactaram, ou que, de alguma forma, eu pude impactar nesses três anos de relacionamento.

O que 2021 reserva para mim ainda é incerto, mas sobre uma coisa eu posso falar: Aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, eu consegui realizar um grande sonho. A fagulha que me deixou inquieto somada a algo muito importante: palavras de incentivos da minha última gestora, me alertando que já sou bom o suficiente. A junção que me fez perder o medo em realizar minha aplicação para a minha empresa dos sonhos. Bem, consegui! Este ano, vou trabalhar em um produto que impacta dez vezes mais pessoas, e terei a oportunidade de me desafiar, aprender coisas novas, viver outras realidades e culturas… me aguarde, Nubank!

Apesar de um ano caótico no mundo, eu só tenho a agradecer a tudo que 2020 me proporcionou. Ao menos, profissionalmente.

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